As fintechs e seu impacto positivo sobre a indústria bancária no Brasil – Milton Luiz de Melo Santos, presidente da ACCREDITO

Nos últimos dez anos, presenciamos o crescimento cada vez mais acentuado de empresas de alta tecnologia voltadas para os diversos segmentos do mercado financeiro, mais comumente denominadas Fintechs.
Segundo dados da Associação Brasileira de Fintechs, atualmente existem 771 empresas desse tipo, sendo que 270 delas foram criadas de 2019 até recentemente.
Essas empresas estão segmentadas por área de atuação, sendo o setor de Meios de Pagamentos o que apresenta a maior concentração (190 empresas), seguido do setor de Gestão Financeira (122 empresas) e do setor de Empréstimos (114 empresas).
Para se ter uma noção do volume de investimentos que transita nesse ecossistema, até o terceiro trimestre de 2020, os investimentos em Fintechs somaram R$ 5,58 bilhões, um aumento de 87% em relação ao valor movimentado no mesmo período do ano passado, segundo a plataforma Transactional Track Record – TTR.
O surgimento dessas novas opções financeiras, assim como a sua crescente participação no mercado brasileiro, tem dois fatores que, a nosso ver, explicam bem o gradativo sucesso desse novo setor: 1. o elevado nível de concentração bancária existente em nossa economia (87% dos ativos de crédito estão concentrados, praticamente, em cinco instituições financeiras); e 2. o protagonismo do Banco Central do Brasil, ao investir fortemente no processo regulatório e na criação de novas tecnologias para atender o crescimento dessa indústria (PIX, Open Banking, Sand Box, Novo Arranjo de Pagamentos, etc.).
Em paralelo a esse movimento, onde a inovação disruptiva tem sido uma marca frequente, o Brasil tem se deparado com uma nova realidade: mesmo com todas as dificuldades originadas pela pandemia e pelo distanciamento social, observamos o crescimento expressivo de novas micro e pequenas empresas, mais conhecidas como startups.
Segundo dados da plataforma independente de inovação Distrito, que mapeia o setor, aconteceram 100 aquisições de startups entre janeiro e setembro de 2020, superando os anos de 2018 e 2019. O volume total de aportes nessas empresas já está em US$ 2,2 bilhões, o que representa 82% do que foi injetado em 2019.
Com o Projeto de Lei que trata do marco legal das startups, enviado no mês passado ao Congresso Nacional, há uma expectativa muito favorável de que esse setor deslanche, pois o texto legal promete desburocratizar as condições para a criação de empresas inovadoras, bem como a sua contratação por agentes públicos.
É nesse contexto que a Associação Comercial de São Paulo – ACSP, instituição com tradição de mais de 125 anos na capital paulista, integrante do sistema da Federação das Associações Comerciais de São Paulo – FACESP, tomou a importante decisão estratégica de criar a sua própria Fintech. Com a autorização do Banco Central do Brasil e, seguindo os termos da Resolução n° 4.656, de 26/04/2020, foi criada a ACCREDITO – Sociedade de Crédito Direto SA.
A ACCREDITO surgiu, portanto, como uma nova instituição financeira 100% digital, para oferecer aos associados desse grande sistema (quase 400 associações comerciais espalhadas em todo o Estado de São Paulo), produtos e serviços financeiros, entre os quais linhas de crédito de capital de giro e de financiamento para investimento fixo.
São vários os benefícios trazidos por esse novo instrumento financeiro: a) taxas de juros mais competitivas, considerando seu modelo operacional 100 % digital; b) a não exigência de garantias físicas para obtenção do crédito; c) a plataforma permite acesso 24 X 7, portanto, oferecendo a comodidade aos micros e pequenos empresários de buscarem o crédito fora do horário comercial, com conveniência e segurança; d) prazo de 24 meses para pagamento do empréstimos, sendo 6 meses de carência, onde se paga somente a parcela referente aos juros da operação; e) processo desburocratizado, no qual o solicitante interage exclusivamente com a plataforma digital, não dependendo, portanto, da “boa vontade” de um gerente, ou de quem quer que seja; e f) o processo de concessão do crédito é rápido e pode ser obtido em questão de minutos .
Acreditamos que instituições financeiras como a ACCREDITO SCD são efetivamente o futuro da indústria bancária de nosso país, especialmente se pensamos no segmento das micro e pequenas empresas. Com as novas ferramentas (e possibilidades) digitais podemos atender a um número cada vez maior dessas empresas, com custos mais baixos, com maior celeridade no processo de aprovação e concessão do crédito e, objetivamente, com mais inclusão financeira.
*Milton Luiz de Melo Santos é economista e presidente da ACCREDITO Sociedade de Crédito Direto SA
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