Você sabe o que é, para que serve e como a Selic afeta seu negócio?
Selic é a taxa básica de juros da economia do Brasil. Básica porque é a base, a menor – a partir dela que se formam todas as outras taxas de juros do país, como as que são aplicadas em empréstimos e financiamentos, e até nos investimentos de renda fixa.
A Selic é um dos elementos centrais da estratégia de política monetária no Brasil, que está baseada em um sistema de metas de inflação criado em 1999, para assegurar a estabilidade da economia e evitar descontroles de preço como os que o país já viveu em décadas passadas, que causam a perda do poder de compra da moeda.
Quem define o valor da Selic é o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom. A cada 45 dias, os membros se reúnem para decidir se vão aumentar, reduzir ou manter o nível da Taxa Selic.
Para tomar essa decisão, o Copom sempre avalia a situação econômica e os indicadores financeiros do país naquele momento. Se a inflação está em alta, o Copom aumenta os juros para estimular as pessoas e empresas a guardarem dinheiro e a não gastar, em vez de pegar dinheiro emprestado e produzir.
Crédito e consumo andam lado a lado. Afinal, quando a Selic fica mais alta, as outras taxas de juros também aumentam, ou seja, fica mais vantajoso poupar em vez de consumir. Assim, a demanda desacelera, as vendas caem e a inflação arrefece.
Por outro lado, quando a Selic é reduzida, as taxas de juros dos empréstimos também ficam menores, assim como a dos investimentos – ou seja, fica mais vantajoso consumir e produzir para vender do que poupar. Essa decisão de baixar os juros tem como objetivo estimular o consumo e aquecer a economia.
Nada acontece da noite para o dia, claro, é um processo – mas a lógica é essa.
No auge da pandemia do coronavírus, em 2020, a economia foi bastante impactada com as medidas de isolamento social necessárias para conter o avanço da doença. O desemprego aumentou, a renda das famílias diminuiu e o consumo também caiu.
Para estimular a economia, o Banco Central fez sucessivos cortes na Selic até que, em agosto daquele ano, o indicador atingiu o seu menor nível histórico: 2%. Em março de 2021 voltou a subir e em junho de 2022 bateu em 13,75%, nível que está até hoje.
Como a taxa Selic afeta as finanças da sua empresa?
Os juros básicos da economia podem afetar tanto os ativos quanto os passivos das empresas. Quando está em alta, beneficiam as empresas mais líquidas, que têm recursos investidos; quando estão em queda, facilitam a vida de empresas que precisam de empréstimos para girar o caixa e financiar a produção.
Na maioria dos pequenos negócios, os momentos se alternam – há períodos do mês e do ano com mais ou menos liquidez, então é preciso administrar entradas e saídas com empréstimos e alocações de recursos de acordo com os movimentos das taxas de juros.
Afinal, as mudanças na taxa Selic também afetam a rentabilidade de vários investimentos. O Tesouro Direto, a poupança e os títulos de Renda Fixa são alguns exemplos e têm sua rentabilidade totalmente atrelada à Selic. Portanto, quando esse indicador cai, essas aplicações passam a render menos.
Por isso é importante acompanhar a evolução da Selic e, de tempos em tempos, avaliar se a estratégia de investimento realmente está alinhada às oportunidades que o cenário econômico oferece.
Por outro lado, se a Taxa Selic aumenta, o empreendedor sente no bolso imediatamente quando renova o crédito.
Em momentos como esse, é ainda mais importante comparar diferentes ofertas antes de contratar qualquer modalidade de crédito.
Por outro lado, o aumento da taxa de juros faz que os investimentos de Renda Fixa atrelados a índices que seguem a Selic passem a render mais. É o caso do CDI, por exemplo.
De modo geral, a situação fica mais difícil para quem precisa pegar dinheiro emprestado, mas melhora para quem tem dinheiro investido em Renda Fixa.
Resumindo…
Investimentos em renda fixa – títulos públicos, CDBs, CDIs, letras de crédito (LCIs, LCAs), debêntures e outros tipos de títulos privados pós-fixados: todas essas modalidades de investimentos, classificadas como renda fixa, são sempre favorecidas pela Selic alta. Os investimentos atrelados à inflação possuem uma relação indireta com a Selic.
Como a taxa básica de juros é usada pelo Banco Central como estratégia para domar a inflação, conforme a inflação aumenta e a Selic também avança para tentar contê-la, a rentabilidade desses investimentos aumenta.
Se você deseja investir R$1.000 com a Selic a 13,75%, por exemplo, em doze meses o retorno será de R$ 1.107,60 no Tesouro Selic (taxa de custódia e da corretora de 0,2%) e R$ 1.086,70 na poupança.
Investimentos em ações: As ações de empresas negociadas nas bolsas de valores não são afetadas diretamente pela Selic, mas a taxa básica de juros pode influenciar indiretamente a valorização ou não desses papéis.
Em um cenário de Selic baixa, os investidores tendem a abandonar opções atreladas a índices financeiros (renda fixa), que dependem dos juros altos para serem rentáveis.
O que é a Ata do Copom e porque é importante
Embora o público saiba de imediato qual foi a decisão do Copom sobre os rumos da Selic sempre que uma reunião acontece, as razões são conhecidas apenas seis dias úteis depois, quando é publicada a ata da reunião.
O documento é um importante canal de comunicação do Banco Central com a sociedade e serve como um farol para as expectativas do público quanto às suas decisões. Se um comerciante confia que a inflação e a Selic permanecerão no patamar estabelecido pelo governo, ele se sentirá mais confortável para tomar suas próprias decisões.
Calendário – Reuniões do Copom 2023 | |
Data da reunião da Copom | Divulgação da Ata |
31 de janeiro e 1º de fevereiro | 7 de fevereiro |
21 e 22 de março | 28 de março |
2 e 3 de maio | 9 de maio |
20 e 21 de junho | 27 de junho |
1º e 2 de agosto | 8 de agosto |
19 e 20 de setembro | 26 de setembro |
31 de outubro e 1º de novembro | 7 de novembro |
12 e 13 de dezembro | 19 de dezembro |
Origem do nome “Selic”
O nome da taxa Selic vem da sigla do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia. É uma infraestrutura do mercado financeiro administrada pelo BC. Nele são transacionados títulos públicos federais. A taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados nesse sistema corresponde à taxa Selic.
O BC opera no mercado de títulos públicos para que a taxa Selic efetiva esteja em linha com a meta da Selic definida na reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom).
Atualmente, o sistema Selic tem
-Aproximadamente 500 participantes
-Em torno de 160 mil clientes individualizados
-Oito tipos de títulos, distribuídos em cerca de 380 vencimentos, que estão depositados e equivalem a 99% da carteira de títulos públicos federais.
– Mensalmente cerca de 40 leilões de títulos para o Tesouro Nacional, que movimentam um montante de R$ 78 bilhões.
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